sábado, 28 de março de 2009

A LINGUAGEM DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO

Quando convidado a escrever textos de Psicologia para um portal que envolve diversas especialidades, eu antevi a oportunidade de divulgar e explicar, pouco a pouco, o que é a análise do comportamento. O público vai ser grande, pensei, e quanto mais pessoas tiverem contato com o que verdadeiramente é a análise do comportamento, mais ferramentas elas terão para compreender as suas relações com o mundo e agir de forma mais efetiva na busca de uma vida com qualidade. A minha confiança na abordagem deriva da experiência prática, minha e de colegas: a simplicidade de aplicação e rapidez dos resultados. A falta de conhecimento do grande público sobre a análise do comportamento é conseqüência de um fator, que é ao mesmo tempo a maior qualidade e o maior defeito da área: sua linguagem.
Os analistas do comportamento preocupam-se com todos os aspectos da vida humana: pensamentos, sentimentos, linguagem, relações de amor, relações familiares, relações sociais em geral, educação, ambiente empresarial, ambiente hospitalar, etc, etc, etc. Os analistas do comportamento entendem as pessoas como os seres mais belos e complicados do planeta. O maior expoente da abordagem, B. F. Skinner, escreveu longamente sobre como melhorar o mundo dos homens. Ele tinha uma preocupação humanista que foi adotada por todos os que perceberam o potencial das suas idéias. Idéias essas não criadas do nada, mas extraídas de pesquisas científicas rigorosas. Foi essa fonte de criação, as pesquisas, que moldaram a prática e a linguagem da análise do comportamento em uma forma considerada "fria" por seus críticos, uma forma que, segundo os estudiosos de outras abordagens psicológicas, "diminui o homem" porque não fala de "sua multiplicidade" e utiliza "pesquisas simples” para tratar de assuntos “muito complexos".Uma análise rápida e superficial da linguagem utilizada pela abordagem comportamental pode erroneamente conduzir ao tipo de afirmações feitas pelos críticos. No entanto, um estudo mais aprofundado da abordagem revela que a linguagem científica e objetiva serve à função de permitir uma comunicação precisa entre diferentes profissionais, além de servir como um quadro de referência para a análise e interpretação do comportamento humano em todas as situações em que ocorre.
Vamos usar como exemplo o termo “reforço” que, cientificamente falando, refere-se a estímulos que quando aparecem logo após um comportamento tem a propriedade de aumentar a probabilidade futura de emissão deste comportamento. Em palavras comuns, são aquelas coisas “boas” que lutamos para obter. Quando utilizamos o termo "reforçador", não estamos dizendo que os homens são impelidos apenas por prazer; na verdade, estamos manifestando o que vimos em laboratório: as pessoas tendem a repetir certas ações, aquelas que foram seguidas de algo apetitivo (o reforçador). Além disso, por "reforçador" não estamos nos referindo apenas a eventos bem marcados, como o recebimento de dinheiro, um doce preferido ou um abraço carinhoso; estamos nos referindo a quaisquer eventos que aumentam a chance de a resposta voltar a ocorrer, seja esse evento o recebimento de um doce, a voz da pessoa amada do outro lado do telefone ou o contato da mão com a caneta, quando ela está sendo procurada no escuro. O "reforçador" é um nome dado ao que observamos acontecer no cotidiano das pessoas. É um nome útil porque não faz referência a nenhum objeto específico, mas a uma relação constatada entre as pessoas e o mundo.
Da mesma forma, não nos referimos a termos como "mente", "eventos mentais", "processos inconscientes", "cognição", etc, quando explicamos o comportamento. Não utilizamos tais termos porque acreditamos que eles desviam a nossa atenção do que está realmente acontecendo. Uma pessoa não vai pegar água porque está "com vontade" de pegar água. Explicar assim, por meio de uma força interna chamada "vontade", pode nos impedir de ver o evento realmente importante que conduziu ao comportamento de pegar água: ter ficado muito tempo sem beber nada, ter comido alguma coisa salgada ou o súbito aumento da temperatura. De maneira similar, quando dizemos que um garoto bateu em seu irmão porque estava com "raiva" dele, perdemos o foco do evento que produziu esse sentimento: por exemplo, podemos descobrir que o garoto que ficou com "raiva" teve seu brinquedo favorito destruído pelo irmão. Ao invés dos termos da mente, preferimos falar sobre o comportamento descrevendo todos os eventos relacionados a ele. Infelizmente, a linguagem que utilizamos é tratada como “muito básica” por quem não estudou seus benefícios.
O assunto da linguagem poderia se estender por um livro inteiro. Não quero ir mais longe nesse momento. Quero apenas atestar que os analistas do comportamento ocupam-se de comportamentos complexos, incluindo sentimentos, pensamentos e linguagem. Ocupam-se de tudo aquilo que é importante para o humano. A aparente “frieza” da nossa linguagem deixa de ser um problema quando é conhecida. E é isso que vou fazer: apresentá-la e explicá-la.

Por
Robson Faggiani
Psicólogo clínico (CRP 06/80512) e analista do comportamento, especialista em Terapia Comportamental e Cognitiva (USP). Trabalha com adultos, crianças com dificuldades de aprendizagem e indivíduos diagnosticados com autismo. Gosta de trabalhar com a análise do comportamento porque, segundo ele, é uma disciplina baseada em evidências científicas e atender um cliente baseado em pressupostos científicos é questão de ética.

EQUIPE: Brunella,Édila, Elisa, Iriene
Responsável pela postagem: Monique
Postagem originalmente feita em 17/03/2009

5 comentários:

  1. Equipe: Ângela Mágda e Ludimila Francisca.

    A análise do comportamento é a explicação de um evento comportamental dada pela descrição das relações que este evento sustenta com outros eventos (presentes ou passados). O que define a prática do analista do comportamento é a investigação de efeitos (conseqüências) cumulativos (dimensão histórica) de contingências ou interações (passadas e atuais) sobre o desempenho atual do organismo através de um recurso metodológico (análise funcional, experimental ou não experimental). Baseia-se na identificação de relações funcionais, cujo objetivo é identificar e descrever o efeito comportamental, buscar relações ordenadas entre variáveis ambientais e a ação de um organismo, formular predições confiáveis baseadas nas descrições .

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  2. equipe:sara, walison,hudson, eduardo


    o conceito de análise do comportamento é complexo,mas pode se afirmar que é uma preocupaçao com os aspectos em relaçao a vida humana, ou seja, seus pensamentos, sentimentos linguagens,e etc. a analise do comportamento tambem nao utiliza termos como "mente", "eventos mentais", "processos inconscientes", "cognição" e outros...pois isso desvia o foco principal que é o que levou aquela pessoa a se comportar daquela maneira. desse modo podemos afirmar que a analise do comportamento se preocupa com o que é realmente importante para o ser humano, ela se apega a simples detalhes que nos levam a uma explicaçao lógica dos fatos e acontecimentos.

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  3. Equipe: Marcela Amaral, Monique Xavier e Sílvia Hiolanda

    Este texto aponta que o maior problema da falta de compreensão da analise do comportamento por parte das pessoas geral, é a linguagem usada. Skinner criou a sua teoria fundamentada em outras pesquisas cientificas rigorosas, foi essa fonte de criação que moldaram a prática e a linguagem da analise do comportamento. Esta foi muito critica realmente por isso, porque era considerada “fria” e “diminui o homem” e suas “multiplicidades” porque usa de “pesquisas simples” para tratar de “assuntos complexos”. Então, se for feita uma análise rápida e superficial da linguagem utilizada pelos analistas do comportamento pode conduzir as pessoas a afirmações errôneas, assim como fizeram os críticos. Um exemplo seria a palavra reforço, que para a analise do comportamento quer dizer algo bem diferente do que em palavras comuns usadas no cotidiano de todos em geral. Da mesma forma, os analistas do comportamento não usam termos como “mente”, “personalidade”, etc, quando explicam o comportamento, pois eles acreditam que estes termos desviam a atenção do que realmente está acontecendo. Então, eles preferem falar do comportamento descrevendo todos os eventos relacionados a ele, e a linguagem usada é tratada como “muito básica”.
    Porem, os analistas do comportamento ocupam-se de comportamentos complexos e tudo aquilo que é importante para o ser humano e a aparente “frieza” da linguagem quando é conhecida deixa de ser um problema, então temos que conhecer melhor, ir mais a fundo com a linguagem para conseguirmos compreender a analise do comportamento.

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  4. Equipe: Ana Francisca, Adriana, Andreia, Nágila e Rayssa.

    Percebe-se neste artigo, que Faggiane deseja que um grande público conheça verdadeiramente a Analise do Comportamento, com objetivo de terem uma vida melhor, monstrando ferramentas para melhor compreenção das relaçoes do homen com o mundo. Ele mostra que a linguagem que muitos críticos consideram como "fria" é a forma clara e objetiva de comunicação evitando erros e enganos,ressalta a simplicidade e rapidez em obtenção dos resultados através da analise do comportamento. Mostra que Skinner tinha uma preocupação humanista e que sua ideias surgiram atravez de pesquisas ciêntificas rigrosas, e que os analistas do comportamento entendem as pessoas como os seres mais belos e complexos do planeta, e ocupando-se de comportamentos complexos, que incluem sentimentos, pensamentos e linguagem, ou seja tudo o que é importante para o humano. Elogiamos o Prof. Leo pela oportunidade, através do incentivo na criação do blog, de conhecer e compreender a grandeza de pessoas que dedicaram suas vidas para a contrução de um mundo mais humano.

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  5. Este texto mostra que a falta de conhecimento do grande público sobre a análise do comportamento é conseqüência de um fator, a linguagem.Skinner, tinha uma preocupação humanista que foi adotada por todos os que perceberam o potencial das suas idéias, idéias que não foram criadas do nada, mas extraídas de pesquisas científicas rigorosas. E foram essas pesquisas, que moldaram a prática e a linguagem da análise do comportamento em uma forma considerada "fria" por seus críticos. Termos como "mente", "personalidade" não devem ser usados porque desviam a atenção do que realmente está acontecendo, por isso que deve ser ultizada a linguagem científica e objetiva que permite uma comunicação precisa entre diferentes profissionais, além de servir como um quadro de referência para a análise e interpretação do comportamento humano em todas as situações em que ocorre.
    Equipe: Pollyanne, Isabella, Daniel, Jessica.

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