sábado, 28 de março de 2009

Definir o Behaviorismo

Neste artigo pretendemos abordar a proposta do behaviorismo sem querer representá-lo como um sistema teórico coerente e acabado, mas sim como uma das numerosas tentativas de entender o ser humano. Como todo movimento intelectual, o behaviorismo carrega em si os efeitos da história que o moldou. Falar desta história implica considerar suas raízes, o impacto que causou na época de sua criação e as modificações que sofreu para se tornar o que é hoje.
É importante ressaltar que o behaviorismo é uma das grandes tradições que deram direção ao que conhecemos hoje como a psicologia científica. Trouxe idéias inovadoras a respeito da natureza do homem e de como estudá-lo. Seus preceitos básicos foram alvos de crítica indignada e entusiasmo secretário.
Apesar desta semelhança de família, a distância entre duas teorias integrantes da tradição behaviorista é, às vezes, notável. Ao tratar das bases epistêmicas do behaviorismo moderno, e da questão de como este se defronta com os temas complexos da Psicologia contemporânea, é impossível ignorar esta pluralidade. Logo, é preciso concordar com Eysenck (1972) que qualquer característica que seria avançada para definir o movimento como um todo, é necessariamente questionável. Moderatto e Ziino (1994) salientam que o Behaviorismo deve ser entendido como uma família de posições teóricas, que entre elas são contrastantes e diversas, mas que possuem certa semelhança ("family resemblance" para usar o conceito de Wittgenstein) entre elas.
A abordagem hipotético-dedutiva de Hull, trazida por Eysenck para a terapia comportamental, é diametralmente oposta à estratégia indutiva de Skinner. A primeira faz ciência testando hipóteses e privilegiando métodos estatísticos para processar dados colhidos em amostras representativas (Hull, 1953; Eysenck, 1959/1994), enquanto a segunda constrói conhecimento de maneira indutiva, a partir de regularidades observadas em estudos onde o sujeito único é seu próprio controle (Skinner, 1938). O behaviorismo radical trabalha com eventos privados, mas?T`?? Exclui noções mentais (Skinner, 1945) enquanto o behaviorismo teleológico de Rachlin (1994) e o operacionalismo de Tolman (1932) usam conceitos de tendência mentalista, mas excluem o que a pessoa sente dentro de si como dada a ser considerado.
Como podemos então entender o que é o Behaviorismo? Moderato e Ziino (1994) enfatizam que o Behaviorismo como quadro referencial foi articulado desde o início em diferentes níveis. Primeiro, foi concebido como uma ciência que estuda eventos e processos sob condições específicas, como acontece nas outras ciências que estudam o comportamento de planetas, células ou partículas atômicas. Segundo, é uma filosofia da ciência porque define quais tipos de perguntas são legítimas na pesquisa e o método a partir do qual se deve respondê-las. Em terceiro lugar, é uma filosofia da mente porque formula pressupostos sobre a natureza humana. Finalmente, representa um conjunto de valores que devem ser considerados como uma ideologia dentro da Psicologia.
Buscando entender o behaviorismo, precisamos prestar atenção ao entrelaçamento destes diferentes níveis. Precisamos, para começar, localizar o behaviorismo no meio da diversidade de posições paradigmáticas que propõem estudar o ser humano.

Disponível em:
http://scielo.bvs-psi.org.br/scielo.php pid=S151755452001000200002&script=sci_arttext


Produzido por:

Marla Viega; Luc Vandenberghe
1

Equipe: Hudson, Eduardo, Sara, Wallyson
Responsável pela postagem: Monique
Postagem Originalmente feita em 17/03/2009

Behaviorismo e Ciência do Comportamento

Por Robson Brino Faggiani
USP - IACC

Behaviorismo Metodológico
_ John Watson (Psicologia como o
Behaviorista a vê, 1913)
_ Estados internos não são mensuráveis.
_ Não negava a existência de processos
mentais. Não os estudava por uma
questão de método.
• Dualista.
_ Influenciado por Pavlov.
_ Paradigma S-R.
• causa-efeito.

Behaviorismo Mediacionista
_ Defendia o Paradigma S-O-R.
_ O = variáveis internas do organismo.
• Dualista.
_ Precursor da Psicologia Cognitiva.
_ Paradigma S-O-R._ O = funções biológicas.
• Monista: apesar de mediacionista,
só propunha variáveis fisiológicas.


Behaviorismo Radical
Descrito por Skinner.
Pragmatismo.
Monismo.
Contextualismo.
Determinismo (probabilístico).
Selecionista.


Pragmatismo:
Existe uma verdade? Não importa.
• A verdade é contextual e, portanto, mutável.
Entre duas proposições, a verdadeira é a que permite melhor
conseqüências práticas.
O objetivo da ciência é encontrar verdades pragmáticas.
• E substituí-las quando melhores verdades aparecerem.
Para o behaviorista, não importa se existe “mente”.
• O importante é utilizar explicações que permitam melhores resultados.
• É possível explicar todos os comportamentos sem usar a “mente”.
Monismo:
Existe apenas um tipo de substância no mundo.
• “Corpo” e “Mente” são a mesma substância.
Para o analista do comportamento:
• Comportamentos explicados sem referência a eventos mentais.
• Público e Privado vs. Externo e Interno.
• Onde fica o Conhecimento?


Contextualismo:
Fatos só fazem sentido no contexto em que ocorreram.
Diferentes contextos produzem fatos e proposições diferentes.
O conhecimento deve ser analisado em seu contexto.

Determinismo (probabilístico):
O mundo possui constância.
• A ciência é possível.
O problema causa-efeito.
Para o behaviorista, o comportamento é
determinado...
• Pelas conseqüências, mais do que por eventos
anteriores.
• Por múltiplas causas, subordinadas a contextos
(probabilidade).
Selecionismo

Selecionista. Três níveis de seleção.
Filogenética: História de evolução da espécie.
• As pessoas fazem sexo por prazer.
• Sexo é reforçador porque organismos que “gostavam” de copular
reproduziram mais e sobreviveram.
Ontogenética: História de reforçamento do organismo.
• Um rato pressiona a barra diante da luz mais do que anda pela caixa.
• O reforçador ÁGUA selecionou a resposta de pressionar a barra.
Cultural: Práticas culturais.
• No Brasil, as pessoas se cumprimentam com um aperto de mão.


O que é Comportamento

Comportamento é a relação entre o organismo e o ambiente.
É a relação entre estímulos antecedentes, resposta e estímulos conseqüentes à resposta.

Para o analista do comportamento...
Interessa conhecer as condições do ambiente anteriores e posteriores à resposta.
Interessa conhecer as variáveis culturais que podem estar influenciando a resposta.
Interessa conhecer a história de vida do organismo.
Interessa conhecer a função da resposta mais do que sua topografia.
• A mesma topografia de resposta pode ter funções diferentes, dependendo do contexto em que
ocorre.

“Patologia” para a Análise do Comportamento

Não existe “doença mental”.
Todos os comportamentos que ocorrem são normais.
As leis do comportamento são as mesmas para o que é chamado de “patológico” e para o que é
chamado de “normal”.
Problemas ocorrem quando há déficits ou excessos comportamentais.
Alguns comportamentos produzem resultados dúbios...
MUITO OBRIGADO!
Robson Faggiani
robsonfaggiani@iacc.psc.br

Equipe: Marta, Rafaela, Laura e Rosilene
Responsável pela postagem: Monique
Postagem originalmente feita em 17/03/2009

Ciência básica, ciência aplicada e tecnologia

A ciência básica se distingue da ciência aplicada pelo comportamento do cientista, na básica o comportamento do cientista é controlado pela aquisição de novos conhecimentos e pelo desenvolvimento de teorias, pode-se dizer que toda pesquisa é uma ciência básica podendo gerar novas teorias. No entanto na ciência aplicada o comportamento do cientista é voltado para a aplicação de conhecimentos já existentes para a aquisição de novos conhecimentos e resolução de problemas básicos.
A ciência básica dedica-se a aquisição de conhecimentos e desenvolvimento de teorias, ao passo que a ciência aplicada tem seu ponto de partida na aplicação de conhecimentos já existentes para aquisição de novos conhecimentos.
A tecnologia não é controlada pela ciência básica ou pela aplicada e sim utilizada pelas duas ciências para facilitar a resolução de problemas práticos do cotidiano, modificando ou construindo algo.
Portanto podemos dizer que a analise do comportamento funciona como tecnologia quando, aplicando princípios estabelecidos por meio das pesquisas básicas e aplicadas para o melhoramento de problemas de significância social e como uma fonte de métodos para tornar “observação e mensuração” válidas e confiáveis. Sendo a ênfase a solução de problemas práticos dirigida a humanos.

Equipe: Adriana, Andréia, Ana e Rhayssa.
Responsável pela postagem: Monique Xavier
Postagem originalmente feita em 17/03/2009

A LINGUAGEM DA ANÁLISE DO COMPORTAMENTO

Quando convidado a escrever textos de Psicologia para um portal que envolve diversas especialidades, eu antevi a oportunidade de divulgar e explicar, pouco a pouco, o que é a análise do comportamento. O público vai ser grande, pensei, e quanto mais pessoas tiverem contato com o que verdadeiramente é a análise do comportamento, mais ferramentas elas terão para compreender as suas relações com o mundo e agir de forma mais efetiva na busca de uma vida com qualidade. A minha confiança na abordagem deriva da experiência prática, minha e de colegas: a simplicidade de aplicação e rapidez dos resultados. A falta de conhecimento do grande público sobre a análise do comportamento é conseqüência de um fator, que é ao mesmo tempo a maior qualidade e o maior defeito da área: sua linguagem.
Os analistas do comportamento preocupam-se com todos os aspectos da vida humana: pensamentos, sentimentos, linguagem, relações de amor, relações familiares, relações sociais em geral, educação, ambiente empresarial, ambiente hospitalar, etc, etc, etc. Os analistas do comportamento entendem as pessoas como os seres mais belos e complicados do planeta. O maior expoente da abordagem, B. F. Skinner, escreveu longamente sobre como melhorar o mundo dos homens. Ele tinha uma preocupação humanista que foi adotada por todos os que perceberam o potencial das suas idéias. Idéias essas não criadas do nada, mas extraídas de pesquisas científicas rigorosas. Foi essa fonte de criação, as pesquisas, que moldaram a prática e a linguagem da análise do comportamento em uma forma considerada "fria" por seus críticos, uma forma que, segundo os estudiosos de outras abordagens psicológicas, "diminui o homem" porque não fala de "sua multiplicidade" e utiliza "pesquisas simples” para tratar de assuntos “muito complexos".Uma análise rápida e superficial da linguagem utilizada pela abordagem comportamental pode erroneamente conduzir ao tipo de afirmações feitas pelos críticos. No entanto, um estudo mais aprofundado da abordagem revela que a linguagem científica e objetiva serve à função de permitir uma comunicação precisa entre diferentes profissionais, além de servir como um quadro de referência para a análise e interpretação do comportamento humano em todas as situações em que ocorre.
Vamos usar como exemplo o termo “reforço” que, cientificamente falando, refere-se a estímulos que quando aparecem logo após um comportamento tem a propriedade de aumentar a probabilidade futura de emissão deste comportamento. Em palavras comuns, são aquelas coisas “boas” que lutamos para obter. Quando utilizamos o termo "reforçador", não estamos dizendo que os homens são impelidos apenas por prazer; na verdade, estamos manifestando o que vimos em laboratório: as pessoas tendem a repetir certas ações, aquelas que foram seguidas de algo apetitivo (o reforçador). Além disso, por "reforçador" não estamos nos referindo apenas a eventos bem marcados, como o recebimento de dinheiro, um doce preferido ou um abraço carinhoso; estamos nos referindo a quaisquer eventos que aumentam a chance de a resposta voltar a ocorrer, seja esse evento o recebimento de um doce, a voz da pessoa amada do outro lado do telefone ou o contato da mão com a caneta, quando ela está sendo procurada no escuro. O "reforçador" é um nome dado ao que observamos acontecer no cotidiano das pessoas. É um nome útil porque não faz referência a nenhum objeto específico, mas a uma relação constatada entre as pessoas e o mundo.
Da mesma forma, não nos referimos a termos como "mente", "eventos mentais", "processos inconscientes", "cognição", etc, quando explicamos o comportamento. Não utilizamos tais termos porque acreditamos que eles desviam a nossa atenção do que está realmente acontecendo. Uma pessoa não vai pegar água porque está "com vontade" de pegar água. Explicar assim, por meio de uma força interna chamada "vontade", pode nos impedir de ver o evento realmente importante que conduziu ao comportamento de pegar água: ter ficado muito tempo sem beber nada, ter comido alguma coisa salgada ou o súbito aumento da temperatura. De maneira similar, quando dizemos que um garoto bateu em seu irmão porque estava com "raiva" dele, perdemos o foco do evento que produziu esse sentimento: por exemplo, podemos descobrir que o garoto que ficou com "raiva" teve seu brinquedo favorito destruído pelo irmão. Ao invés dos termos da mente, preferimos falar sobre o comportamento descrevendo todos os eventos relacionados a ele. Infelizmente, a linguagem que utilizamos é tratada como “muito básica” por quem não estudou seus benefícios.
O assunto da linguagem poderia se estender por um livro inteiro. Não quero ir mais longe nesse momento. Quero apenas atestar que os analistas do comportamento ocupam-se de comportamentos complexos, incluindo sentimentos, pensamentos e linguagem. Ocupam-se de tudo aquilo que é importante para o humano. A aparente “frieza” da nossa linguagem deixa de ser um problema quando é conhecida. E é isso que vou fazer: apresentá-la e explicá-la.

Por
Robson Faggiani
Psicólogo clínico (CRP 06/80512) e analista do comportamento, especialista em Terapia Comportamental e Cognitiva (USP). Trabalha com adultos, crianças com dificuldades de aprendizagem e indivíduos diagnosticados com autismo. Gosta de trabalhar com a análise do comportamento porque, segundo ele, é uma disciplina baseada em evidências científicas e atender um cliente baseado em pressupostos científicos é questão de ética.

EQUIPE: Brunella,Édila, Elisa, Iriene
Responsável pela postagem: Monique
Postagem originalmente feita em 17/03/2009

Deixando o preconceito de lado e entendendo o Behaviorismo Radical - Rodrigo Guimarães - PUC SP

Deixando o preconceito de lado e entendendo o Behaviorismo Radical
Putting prejudice aside and understanding the radical behaviorism
Rodrigo Pinto Guimarães
*
Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP)
RESUMO
O Behaviorismo Radical de Skinner é muitas vezes criticado de forma indevida e até preconceituosa. Muitas destas críticas, na verdade, são críticas da psicologia de Watson e não do Behaviorismo Radical. O entendimento das diferenças entre os modos idealista e materialista de pensar ajuda a esclarecer a maneira de estudar e compreender o comportamento para o Behaviorismo Radical, bem como a sua posição anti-mentalista. O estudo da história da evolução do Behaviorismo é necessário para possibilitar o entendimento das diferenças entre o Behaviorismo Metodológico de Watson e o Behaviorismo Radical de Skinner, bem como das suas respectivas contribuições para a psicologia.
Palavras-chave: Behaviorismo metodológico, Behaviorismo radical, Diferenças.
Idealismo e Materialismo
Na cultura ocidental, é bem difundida a maneira idealista de pensar. Ao seguir uma concepção idealista da realidade, freqüentemente as pessoas acabam por fazer atribuições causais - relação de causa e efeito entre eventos - sem que haja de fato uma relação funcional entre eles. Para o idealismo, as causas dos fenômenos comportamentais estão nas idéias, ou seja, de forma geral o comportamento se baseia em causas imaginárias e constructos hipotéticos
, distanciando-se da dimensão física e natural do homem. As atribuições causais dos povos primitivos são bons exemplos de concepções idealistas, para as quais a causa das doenças, da pouca produtividade nas colheitas, das pragas, pestes ou de qualquer tipo de infortúnio que pudesse ocorrer era determinada pelo Deus Sol, pela Lua, enfim, por forças cósmicas não alcançadas pelo homem. Neste sentido, nada se podia fazer para evitar tais infortúnios, uma vez que o homem estava à mercê dessas forças. Este tipo de concepção é, mais especificamente, chamada de idealismo objetivo, cuja as causas dos fenômenos estão fora do organismo. Há, no entanto, o idealismo subjetivo, onde as causas dos fenômenos são constructos hipotéticos e imaginários, mas que se situam dentro do indivíduo e não fora dele (Camillo, 1988). Nesta concepção idealista subjetiva encaixam-se a Psicanálise e o Cognitivismo, para as quais, em geral, as causas dos comportamentos estão no inconsciente ou nos processos mentais, respectivamente. Parece existir uma circularidade muito grande nesta argumentação, pois ao mesmo tempo em que o comportamento é causado pelo inconsciente ou pelos ditos processos mentais, a única prova de existência dos mesmos é o próprio comportamento (Matos, 1993).
Para o Behaviorismo Radical, todos os fenômenos estão em uma dimensão natural, saindo-se, então, de um dualismo mente x corpo, no qual um conceito metafísico (mente, inconsciente, ego etc.) é responsável pelo comportamento, para uma concepção monista de homem. Sendo assim, idéia não gera comportamento, pois tanto os eventos comportamentais quanto as idéias estão numa mesma dimensão natural. Deste modo, as explicações sobre os fenômenos comportamentais devem ser feitas através de causas naturais, reais e passíveis de observação, ainda que só do próprio indivíduo que observa.
Causa do Comportamento
Se uma idéia não causa um comportamento, o que o causa? Como explicar a raiva, a paixão, o ódio?... Para o Behaviorismo Radical, a paixão, a raiva, o ódio, etc., são os próprios comportamentos. Tal explicação tende a ser preliminarmente rejeitada e descartada, sem o devido aprofundamento, uma vez que ela é bem diferente e até destoante da que se aprende na cultura mentalista, para a qual a emoção causa o comportamento. Para melhor esclarecimento, será feita uma tentativa de explicar um sistema causal anti-mentalista como o do Behaviorismo Radical. Para isso, é necessário esclarecer a questão abaixo: Suponha-se que um sujeito qualquer apresente alucinações auditivas, visuais, delírios e que esteja incapacitado para o convívio social, por ser muito agressivo e se sentir ameaçado por quase todo mundo, devido às suas idéias delirantes. Diante de tais sintomas comportamentais, seria possível dizer que o sujeito é psicótico. Pergunta-se, então: o referido indivíduo é psicótico porque tem alucinações e idéias delirantes, ou tem idéias delirantes e alucinações porque é psicótico? Nota-se, aí, que a escolha de qualquer uma destas alternativas remeterá a uma explicação circular sem fim.
Um outro exemplo, mais perto da realidade: imagine que você esteja dirigindo seu carro novo, tranqüilamente, quando um motorista embriagado acaba batendo nele, deixando-o extremamente irritado e nervoso. Suponha que, nesta situação, você saia do carro e dê um soco no rosto do referido motorista. Pergunta-se, então: você bateu no motorista porque estava com raiva dele? Se você responder positivamente a esta pergunta, estará incorrendo em erro, pois na verdade, você bateu nele porque ele bateu no seu carro novo, um estímulo ambiental externo ao indivíduo, e não porque uma "entidade" chamada raiva fez você bater no motorista. Em outras palavras, o comportamento publicamente observável de dar um soco em alguém ou de gritar, juntamente com alterações corporais em todos os níveis - hormonais, musculares, gástricos, etc. - é a raiva. Esta problemática na atribuição causal aconteceu quando o homem começou a adquirir a fala. Pensando na evolução filogenética do homem, chega-se à conclusão de que em algum momento o homem, enquanto espécie construiu e adquiriu o comportamento verbal. Pois bem, neste processo de aquisição e construção do comportamento verbal, o homem nomeou certos tipos de comportamentos, como, por exemplo, o comportamento de comer desesperadamente, sem mastigar direito a comida, sem lavá-la nem prepará-la adequadamente, etc., dando-lhe o nome de fome, ou seja, construiu-se um símbolo, neste caso a palavra FOME, para representar tais comportamentos na fala. Portanto, quando alguém se comporta desta maneira, diz-se que este alguém "está com fome". O problema, então, surgiu quando a ordem dos fatos foi invertida e o homem começou a usar as palavras como causa destes mesmos comportamentos. Dito de outra maneira, não se come desesperadamente porque se está com fome, mas isso é a própria fome. Não se bate em ninguém porque se está com raiva, isso é a própria raiva. O indivíduo come porque ficou privado de alimento por tempo suficiente para causar um desequilíbrio na homeostase do seu organismo. Um sujeito bate em alguém porque houve algum acontecimento externo que o desagradou, e não porque exista nele uma entidade chamada raiva, que o tenha impulsionado à ação, ao comportamento, mesmo porque a raiva, o ódio e a fome são apenas palavras, nada mais.
É necessário tornar claro que o Behaviorismo Radical não nega sentimentos, emoções ou a importância da significação de uma experiência para um indivíduo, simplesmente não toma emoções, sentimentos, nem a significação deles como causa dos comportamentos, e sim como maneiras de se comportar.
"A análise do comportamento edifica-se como uma modalidade de discurso psicológico que é crítico dessa visão de homem e da correspondente sobrevalorização do que ocorre privadamente ao indivíduo. Não porque ignora a chamada "experiência subjetiva", ou deixa de reconhecê-la como constitutiva de instâncias do fenômeno comportamental, mas porque não atribui a esses eventos uma centralidade na explicação do comportamento humano; diferente disso, busca na relação do homem com o mundo uma explicação tanto para sua experiência subjetiva quanto para seu comportamento publicamente partilhado". (Tourinho, 2001, p.4)
Uma Questão de Vocabulário.
Outro grande problema que não ajuda a compreender a análise em questão é o vocabulário mentalista, que leva as pessoas a pensarem de uma maneira mentalista sobre a realidade (Matos, 1993). Skinner, em seu livro Sobre o Behaviorismo, fala sobre este assunto. Certos substantivos deveriam ser verbos. Note que no parágrafo acima a expressão "está com fome" foi colocada entre aspas, pois o correto seria que a palavra fome fosse um verbo, ou seja, eu fomeio, ao invés de "eu tenho fome", porque quando se diz "estou com fome", pode-se pensar que existe uma entidade chamada fome que se apossa do indivíduo e o leva ao comportamento de comer, mas a palavra fome é simplesmente uma forma de comportamento. Da mesma maneira, ninguém sente ou tem raiva, mas raiveia, uma vez que raiva é apenas e tão somente uma maneira de se comportar. Estes são apenas alguns dentre os vários exemplos referentes à linguagem.
É importante ter ficado claro que, para o Behaviorismo Radical, a causa do comportamento não está dentro do indivíduo, em alguma instância causadora ou mediadora do comportamento, mas sim no ambiente, mesmo que seja o ambiente interno (o próprio organismo), uma vez que o organismo é considerado parte do ambiente. O comportamento, nesta abordagem, é a relação do organismo com o ambiente, levando em consideração a estrutura genética e a história de vida do referido organismo. Nela, migra-se de um determinismo unidirecional e mecanicista (inconsciente comportamento ou processos mentais comportamento) para uma contingência de controle, na qual a estrutura genética, a história de vida e os estímulos ambientais presentes, numa gama de relações entre si, condicionam o comportamento do organismo
3. Foi usada a palavra organismo, mas poderia ter sido a palavra pessoa, ser humano etc. Esta colocação é pertinente, pois uma das críticas feitas ao Behaviorismo Radical, por algumas pessoas, é de que o vocabulário behaviorista é muito "pesado" e "desumano", tirando o homem do seu lugar de "Ser Humano", e tratando-o como um "animal". Surge, então, uma questão: será que os seres humanos, em algum momento, deixaram de ser animais? Pelo visto, não. A capacidade de construir conhecimento (um dos aspectos que diferencia o homem dos outros animais), não nega nem afasta a condição animal do homem. Portanto, esta parece ser uma mera questão de eufemismo. Qual a diferença prática entre os seguintes comentários? "Oh! Os aplausos que recebo dos meus alunos, quando termino uma palestra, me nutrem" e; "Oh! Os aplausos que recebo dos meus alunos, quando termino uma palestra, reforçam meu comportamento"? É claro que, na clínica, na relação com os pacientes, deve-se buscar maneiras de comunicação sem se usar um linguajar técnico, nem tão pouco um linguajar que pareça muito seco e/ou ríspido. Addis (1995), em seu artigo, apresenta um exemplo interessante sobre esta questão quando fala sobre a frustração de um estudante que perguntava: "como posso explicar para uma esposa que seu marido não tem comportamentos facilitadores de intimidade e que seus tatos são, na verdade, mandos disfarçados"?
Evolução do Behaviorismo
Para continuar falando sobre a causa do comportamento no Behaviorismo Radical de Skinner é necessário comentar sobre o Behaviorismo Metodológico e Mediacional, para que seja possível entender que muitas das críticas feitas a Skinner, são críticas, na verdade, ao Behaviorismo de Watson, também conhecido como Behaviorismo Metodológico.
Watson foi influenciado por Pavlov (Matos, 1993) e criou um paradigma de comportamento, S R, conhecido como estímulo-resposta. É claro que este paradigma explica apenas uma parcela muito pequena dos comportamentos humanos, os chamados comportamentos reflexos ou respondentes e os comportamentos reflexos ou respondentes condicionados. Comportamentos reflexos ou respondentes são aqueles em que um estímulo está diretamente relacionado a uma determinada resposta do organismo, ou seja, determinado estímulo produz determinada resposta em um organismo. Este tipo de estímulo é chamado de estímulo incondicionado. Por exemplo, quando um sujeito levanta a perna imediatamente após o médico ter batido com um martelo em seu joelho, ele está se comportando dentro deste modelo S R, e este comportamento de levantar a perna é um comportamento reflexo. O comportamento reflexo condicionado por sua vez é um pouco diferente, pois necessita de aprendizagem, uma vez que neste tipo de comportamento um estímulo neutro será pareado com um estímulo incondicionado para que, futuramente, este estímulo neutro seja capaz de produzir no organismo a mesma resposta que o estímulo incondicionado, passando, então, a ser chamado de estímulo condicionado. Como exemplo, há a famosa experiência de Pavlov com cães, onde ele pareia o som de uma campainha com a apresentação de comida e, após algum tempo, o cachorro saliva apenas com a apresentação do som da campainha (estímulo neutro que se tornou condicionado à apresentação de comida), sem precisar da apresentação da própria comida (estímulo incondicionado). Sendo assim, o Behaviorismo de Watson ficou conhecido como Psicologia estímulo-resposta, e não o Behaviorismo Radical de Skinner.
Watson rejeitava a introspecção como meio para se obter informações e conhecimento. Adotou como critério o observável consensual, e o que estivesse fora deste critério não poderia ser estudado. Watson não negava a existência da mente ou de processos cognitivos, mas afastava-se deles, pois não havia como estudá-los, uma vez que são eventos inacessíveis a um segundo observador. Portanto, não poderiam ser tomados como ponto de partida para o estudo do comportamento, nem como causa dele (Matos, 1993). Observa-se que a postura deste paradigma é dualista, pois a mente e os processos mentais estão em uma dimensão e os comportamentos em outra; mecanicista e determinista, porque para todo o comportamento existiria uma causa ou um determinado estímulo eliciador (assim como na Física Newtoniana) que eliciaria o comportamento; reducionista, pois reduziu e igualou o homem a uma máquina. Também foi influenciado pelo Positivismo Lógico.
Posteriormente, alguns Behavioristas começaram a rejeitar este modelo e assumiram uma outra postura, na qual o ambiente perdia o seu lugar primordial na causação do comportamento para cedê-lo de volta ao organismo, como já foi explicado na visão idealista subjetiva. Em outras palavras, estímulos ambientais gerariam nas pessoas processos mentais que, por sua vez, seriam a causa do comportamento. Este tipo de Behaviorismo ficou conhecido como Behaviorismo Mediacional, pois tais processos cognitivos mentais mediariam a ação dos estímulos ambientais no organismo, maneira de pensar ainda dualista e mecanicista. Atualmente, chama-se este tipo de Behaviorismo de Cognitivismo (Matos, 1993). Assim, não cabe dizer que o Cognitivismo é uma evolução do Behaviorismo Radical, uma vez que são bem diferentes.
Com este paradigma S R, a teoria de Watson apresentava grandes problemas para explicar uma série de comportamentos. Então, como Skinner explica comportamentos que não cabem no paradigma estímulo-resposta? Explica-os a partir da noção de comportamento operante.
O comportamento operante é aquele cuja causa primeira não está determinada, mas cuja conseqüência pode ser observada. A partir daí, é possível inferir se este comportamento se repetirá ou não, ou seja, o comportamento é selecionado por suas conseqüências. Fica evidente, desse modo, a saída do paradigma mecanicista S R, a partir do qual muitos sofistas, hoje em dia, criticam o Behaviorismo Radical, e passa-se para o paradigma R S, no qual R é o comportamento e S sua conseqüência, que pode ser reforçadora ou punitiva. É assim que o repertório comportamental de um pessoa é selecionado para o Behaviorismo Radical. Portanto, fica claro que o Behaviorismo Radical se distancia da psicologia estímulo-resposta, indo muito além dela, oferecendo respostas a questões do comportamento até então não respondidas.
O paradigma R S foi colocado no parágrafo acima para contrastar com o paradigma S R e dar ênfase às conseqüências dos comportamentos, mas, na verdade, o modelo do comportamento operante é uma contingência de três termos S R S, onde o primeiro S representa algum acontecimento no ambiente, anterior ao comportamento, e o segundo S, a conseqüência do comportamento. Notem que o primeiro S desta contingência de três termos é chamado de estímulo discriminativo (representado por SD). Não há nenhuma causação mecanicista do comportamento, pois o que chamamos de estímulo discriminativo é, na verdade, o contexto que estabelece a ocasião para que o organismo se comporte de uma maneira ou de outra, pois de acordo com sua história ambiental se comportar de uma certa maneira em tal contexto produziu conseqüências específicas. Se essas conseqüências foram punitivas é menos provável que o organismo se comporte de maneira semelhante dado o mesmo contexto, porém se as conseqüências foram reforçadoras é mais provável que o organismo se comporte de maneira semelhante dado o referido contexto(SD). Este tipo de operante, no qual se conhece os estímulos antecedentes é chamado de operante discriminativo.
Skinner, diferentemente do que muitas pessoas ainda hoje pensam, não rejeitou a introspecção, ele a aceitou, mas não como método, e sim enquanto um tipo de comportamento verbal (Matos,1993). Ele a aceitou como forma de observação e obtenção de conhecimento sobre o próprio indivíduo. Afinal de contas, quem melhor do que eu mesmo para saber o que está acontecendo comigo? Quem, além de mim, pode medir ou dizer a dor que sinto no meu braço quebrado? As pessoas podem verificar, através de diversas maneiras, que meu braço está quebrado, e através dos meus comportamentos, como expressão facial, gritos, gemidos etc. podem inferir que eu esteja sentindo dor, podem até inferir a intensidade desta dor, mas a dor que sinto só eu posso sentir. É, então, deixado de lado o critério da observação consensual do Positivismo Lógico, adotado por Watson, passando-se para o critério da simples observação, onde o consensual perde a sua importância primordial e a observação realizada por apenas um indivíduo é considerada suficiente. Neste ponto, é importante perceber que Skinner não foi influenciado pelo Positivismo Lógico, como muitos pensam, e sim pelo Positivismo de E. Mach, que foi influenciado pelo pensamento darwinista. Na realidade, não é correto generalizar e dizer que Skinner foi positivista, pois suas relações com o positivismo, de uma forma geral, foram restritas (Tourinho, 2001); enfim, afirmar que Skinner foi Positivista, sem realmente demonstrar que características do seu pensamento foram Positivistas, é induzir e atribuir características ao pensamento de Skinner que não lhe pertencem, como, por exemplo, a questão da introspecção mencionada acima. Portanto, é de primordial importância que as pessoas não generalizem, desta forma, o pensamento de Skinner.
Noção de Ambiente
Outro motivo de grande confusão para muitas pessoas é a noção de ambiente no Behaviorismo Radical de Skinner. Assim como Freud deu uma noção bem abrangente para a sexualidade, não se limitando apenas aos órgãos genitais, Skinner fez o mesmo em relação ao ambiente. Algumas pessoas só conseguem entender ambiente como ambiente físico estrutural (a casa, a escola, etc.), enquanto, para Skinner, ambiente vai muito além disso, incluindo aí o ambiente social, onde se encontra todo o tipo de relação pessoal, interpessoal e relação com o próprio ambiente. É por essa razão que, mesmo morando na mesma casa, tendo os mesmos pais, estudando na mesma escola e tendo a mesma carga genética, no caso de gêmeos univitelíneos, encontram-se pessoas diferentes, uma vez que seu ambiente físico pode ser o mesmo, mas o ambiente social não. Não obstante, Skinner considera o sujeito como parte do seu ambiente, pois, afinal de contas, o ambiente age sobre o sujeito, modificando-o (modificando o ambiente interno), e o sujeito age sobre o ambiente, também modificando-o (modificando o ambiente externo). Assim, nesta relação, o sujeito constrói sua história de vida. É importante perceber que a história ambiental de reforçamento e punição, e a conseqüente seleção dos comportamentos por suas conseqüências, como já foi explicado sobre o comportamento operante, encontram-se incluídos na história de vida do indivíduo.
Críticas Preconceituosas e Infundadas
Uma das críticas infundadas sobre o Behaviorismo Radical é que o mesmo não aceitaria nada que tenha a palavra INCONSCIENTE. Na verdade, não se pode aceitar inconsciente enquanto estrutura causadora e controladora do comportamento, enquanto "lugar" onde ficam guardados determinados materiais, memórias sobre certos acontecimentos da vida. Contudo, negar a existência de comportamentos inconscientes seria, no mínimo, insanidade. Comportar-se de maneira inconsciente é, na verdade, não estar consciente do comportamento enquanto todo; é não estar ciente do porque do comportamento, ou de que o comportamento é função, nem das suas conseqüências. É, portanto, não poder descrever as relações funcionais entre contexto e comportamento (Skinner, 1991).
Outro grande problema que o Behaviorismo Radical enfrenta é a associação inadequada que as pessoas fazem com o nome de certos processos estudados nesta corrente da Psicologia. Fala-se em punição, condicionamento e... pronto! Instantaneamente as pessoas já estão associando estas palavras ao Behaviorismo, de forma pejorativa. O Behaviorismo Radical fala em punição, reforço, condicionamento, extinção, enquanto processos que permitem certos comportamentos, e não porque defenda nenhum destes processos em detrimento de outros. Skinner (1998), por exemplo, foi contra a punição, falando dos efeitos maléficos da punição a longo prazo e sugerindo outras maneiras de enfraquecer comportamentos operantes. Em outras palavras, o Behaviorismo Radical estudou a fundo a punição para poder combater e enfrentar seus efeitos maléficos e, infelizmente, muitos estudantes e até profissionais de Psicologia ainda fazem este tipo de associação indevida. É também o que acontece com o filme Laranja Mecânica, cujo protagonista passa por um processo de pareamento de estímulos agressivos com mal-estar físico, levando muitos a associarem a prática de tal condicionamento ao Behaviorismo. Condicionamento, para o Behaviorismo Radical, é dar condições para que o sujeito possa se comportar de forma consciente e de acordo com as conseqüências dos seus comportamentos - e não transformar o repertório comportamental de uma pessoa em comportamento reflexo, levando-a a se comportar segundo o paradigma S R, já mencionado. Para clarear mais este fato, relato um caso pessoal: discutindo sobre educação infantil durante uma aula, uma colega falou sobre sua experiência em educação, pois por algum tempo trabalhara com crianças. Ela relatava a maneira como uma certa mãe educava sua criança, quando disse: "ela era ótima, mas era bem rígida, controlava bastante a criança, dava hora para dormir, para acordar, para comer ...... bem behaviorista mesmo!" Pergunto-me: o que esta atitude tem a ver com o Behaviorismo? Só porque usamos o termo controle, quando se discute determinados assuntos, teríamos nós, Behavioristas, de ser pessoas muito controladoras? Será que não existem Behavioristas permissivos ou Gestaltistas, Psicanalistas, Cognitivistas ... controladores?

O homem sempre se comporta de acordo com as contingências. Hora certa para dormir, acordar, tomar banho etc. são contingências que permitem certos comportamentos, mas não ter horário para nada também é um tipo de contingência que permite outros tipos de comportamento, ou seja, não ter horário para nada também é uma forma de controle como qualquer outra, o que muda são apenas as contingências.

REFERÊNCIAS
ADDIS, M. E. Aprendendo nas Trincheiras: A perspectiva de um Estudante sobre o Debate Cognitivo Versus Radical. Informativo ABPMC, nº6. Campinas, S.P., 1995.
GEIS, I.G.; STEBBINS., W.C.; e LUNDIN, R. W. Condicionamento Reflexo e Operante. São Paulo: E.P.U. (Originalmente publicado em 1965 pela Appleton Century-Crofts), 1975.
MARX, M.H.; HILLIX, W.A. Sistemas e Teorias em Psicologia. São Paulo, SP: Cultrix, 1973.
MATOS, M.A. Behaviorismo Metodológico e suas relações com o Mentalismo e o Behaviorismo Radical. In: Banaco, R.A. (org.), Sobre Comportamento e Cognição. Vol.1. (pp.54-67). Santo André, S.P: ARBytes, 1997.
MICHELETTO, N. Bases filosóficas do Behaviorismo Radical. In: Banaco, R.A. (org.), Sobre Comportamento e Cognição. Vol.1. Santo André, S.P: ARBytes, 1997, pp. 29-44.
___________. Há um lugar para o ambiente? In: Banaco, R.A. (org.). Sobre Comportamento e Cognição. Vol.1 . Santo André, S.P: ARBytes, 1997, pp.257-266.
___________. Behaviorismo e outros ismos. In: Kerbauy, R.R. e Wielenska, R.C. (orgs.). Sobre Comportamento e Cognição. Vol.4. Santo André, S.P: ARBytes, 1997, pp.3-12.
SKINNER, B.F. Questões Recentes na Análise Comportamental. Campinas, SP: Papirus. (Originalmente publicado em 1989 pela Merrill Publishing Company), 1991.
___________. Ciência e Comportamento Humano. São Paulo: Martins Fontes. (Originalmente publicado em 1953 pela Macmillan Company), 1998.
TELLES, S.V.; CAMILLO, A., PEREIRA, J.A.F. Psicodiagnóstico: instrumento de revelação? Anais do I CONPSI, 1988.
TOURINHO, E. Z. A Produção de Conhecimento em Psicologia: A Análise do Comportamento. Trabalho não publicado. Apresentado no 2º Congresso Norte Nordeste de Psicologia, 2001. Disponível em tourinho@amazon.com.br . Captado no dia 1/06/01.
Endereço para correspondência Rodrigo Pinto Guimarães Rua Francisco Piton, 299, apt° 602 - Rio Vermelho 41940-340 Salvador - BA Tel: +55-71-2407465 E-mail: dogopg@uol.com.br
Recebido em 12/07/01 Aprovado em 28/02/03
* Psicólogo, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Mestrando em Análise do Comportamento pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP).
Endereço eletrônico
Formato ISOGUIMARAES, Rodrigo Pinto. Deixando o preconceito de lado e entendendo o Behaviorismo Radical. Psicol. cienc. prof., set. 2003, vol.23, no.3, p.60-67. ISSN 1414-9893.Formato Documento Eletrônico (ISO)GUIMARAES, Rodrigo Pinto. Deixando o preconceito de lado e entendendo o Behaviorismo Radical. Psicol. cienc. prof. [online]. set. 2003, vol.23, no.3 [citado 16 Março 2009], p.60-67. Disponível na World Wide Web: . ISSN 1414-9893.

Equipe:Adriana, Ana, Andréia, Nágila, Rayssa.
Responsável pela postagem: Monique
Postagem originalmente feita em 17/03/2009

Behaviorismo Radical e Pragmatismo

O behaviorismo radical baseia-se no pragmatismo que é concepção desenvolvida por filósofos americanos, particularmente Charles Pierce (1839-1914) e William James (1842-1910) que tem como noção fundamental segundo BAUM (1999, p.37) “é de que a força de investigação científica reside não tanto na descoberta da verdade sobre a maneira como o universo objetivo funciona, mas no que ela nos permite fazer”. O behaviorismo radical assim, baseia-se na praticidade. O contemporâneo behaviorismo radical não faz distinção entre os mundos subjetivo e objetivo, e se concentra em conceitos e termos, e o objetivo da ciência do comportamento aqui é descrever em termos que se tornem familiares e, portanto, “explicado”, buscando a ampliação da nossa experiência natural do comportamento por meio da observação precisa. As descrições pragmáticas do comportamento do behaviorismo radical tem por fim o contexto em que ocorre e para o behaviorista radical, os termos descritivos não só explicam como também definem o que é comportamento.
O behaviorismo radical de Skinner e os psicólogos dessa abordagem, segundo BOCK, FURTADO e TRASSI (2002, p. 46): “utilizam termos como “resposta” e “estímulo” para se referirem àquilo que o organismo faz e às variáveis ambientais que interagem com o sujeito” e o comportamento é entendido como a interação do indivíduo e o ambiente sendo o homem tomado como o produto e o produtor dessas interações.
Fonte:
http://www.euniverso.com.br/Psyche/Psicologia/comportamental/behaviorismoradical.htm

Equipe: Marcela, Monique, Sílvia
Responsável pela postagem: Monique
Postagem originalmente feita em 15/03/2009

Behaviorismo

Há diversas teorias psicológicas sobre o comportamento humano. O ‘internalismo’ postula que as causas do comportamento estão sediadas no interior do homem, seja em seu organismo ou em sua mente - nas memórias ou nas emoções. Skinner, ao propor o behaviorismo radical, opõe-se a esta visão, responsabilizando o meio ambiente pela conduta humana, trilhando assim caminho semelhante ao da Cibernética. O Behaviorismo – do termo inglês behaviour ou do americano behavior, significando conduta, comportamento – é um conceito generalizado que engloba as mais paradoxais teorias sobre o comportamento, dentro da Psicologia. Estas linhas de pensamento só têm em comum o interesse por este tema e a certeza de que é possível criar uma ciência que o estude, pois suas concepções são as mais divergentes, inclusive no que diz respeito ao significado da palavra ‘comportamento’. Os ramos principais desta teoria são o Behaviorismo Metodológico e o Behaviorismo Radical. Esta teoria teve início em 1913, com um manifesto criado por John B. Watson – “A Psicologia como um comportamentista a vê". Nele o autor defende que a psicologia não deveria estudar processos internos da mente, mas sim o comportamento, pois este é visível e, portanto, passível de observação por uma ciência positivista. Nesta época vigorava o modelo behaviorista de S-R, ou seja, de resposta a um estímulo, motor gerador do comportamento humano. Watson é conhecido como o pai do Behaviorismo Metodológico ou Clássico, que crê ser possível prever e controlar toda a conduta humana, com base no estudo do meio em que o indivíduo vive e nas teorias do russo Ivan Pavlov sobre o condicionamento – a conhecida experiência com o cachorro, que saliva ao ver comida, mas também ao mínimo sinal, som ou gesto que lembre a chegada de sua refeição. Assim, qualquer modificação orgânica resultante de um estímulo do meio-ambiente pode provocar as manifestações do comportamento, principalmente mudanças no sistema glandular e também no motor. Mas nem toda conduta individual pode ser detectada seguindo-se esse modelo teórico, daí a geração de outras teses. Eduard C. Tolman propõe o Neobehaviorismo Mediacional ao publicar, em 1932, sua obra Purposive behavior in animal and men. Na sua teoria, o organismo trabalha como mediador entre o estímulo e a resposta, ou seja, ele atravessa etapas que Tolman denomina de variáveis intervenientes - elos conectivos entre estímulos e respostas -, estas sim consideradas ações internas, conhecidas como gestalt-sinais. Esta linha de pensamento conduz a uma tese sobre o sistema de aprendizagem, apoiada sobre mapas cognitivos – interações estímulo-estímulo – gerados nos mecanismos cerebrais. Assim, para cada grupo de estímulos o indivíduo produz um comportamento diferente e, de certa forma, previsível. Tolman, ao contrário de Watson, vale-se dos processos mentais em suas pesquisas, reestruturando a linha mentalista através da simbologia comportamental. Ele via também no comportamento uma intencionalidade, um objetivo a ser alcançado, com traços de uma intensa persistência na perseguição desta meta. Por estas características presentes em sua teoria, este autor é considerado, portanto, um precursor da Psicologia Cognitiva. Skinner criou, na década de 40, o Behaviorismo Radical, como uma proposta filosófica sobre o comportamento do homem. Ele foi radicalmente contra causas internas, ou seja, mentais, para explicar a conduta humana e negou também a realidade e a atuação dos elementos cognitivos, opondo-se à concepção de Watson, que só não estendia seus estudos aos fenômenos mentais pelas limitações da metodologia, não por eles serem irreais. Skinner recusa-se igualmente a crer na existência das variáveis mediacionais de Tolman. Em resumo, ele acredita que o indivíduo é um ser único, homogêneo, não um todo constituído de corpo e mente. O behaviorismo filosófico é uma teoria que se preocupa com o sentido dos pensamentos e das concepções, baseado na idéia de que estado mental e tendências de comportamento são equivalentes, melhor dizendo, as exposições dos modos de ser da mente humana é semelhante às descrições de padrões comportamentais. Esta linha teórica analisa as condições intencionais da mente, seguindo os princípios de Ryle e Wittgenstein. O behaviorismo não ocupa mais um espaço predominante na Psicologia, embora ainda seja um tanto influente nesta esfera. O desenvolvimento das Neurociências, que ajuda a compreender melhor, hoje, o que ocorre na mente humana em seus processos internos, aliado à perda de prestígio dos estímulos como causas para a conduta humana, e somado às críticas de estudiosos renomados como Noam Chomsky, o qual alega que esta teoria não é suficiente para explicar fenômenos da linguagem e da aprendizagem, levam o Behaviorismo a perder espaço entre as teorias psicológicas dominantes.

Texto escrito por Ana Lucia Santana.


Equipe: Daniel, Isabella, Jéssica, Pollyanne
Responsável pela postagem: Monique
Postagem originalmente feita em 14/03/2009

Grandes Descobertas Científicas por Felipe Epaminondas

Skinner criou a “caixa de Skinner”, onde era colocado um rato privado de alimento. Naturalmente, o rato emitia vários comportamentos aleatoriamente e quando ele se aproximava de uma barrinha perto da parede, Skinner introduzia uma gota d’água na caixa através de um mecanismo e o rato a bebia. As próximas gotas eram apresentadas quando o rato se aproximava um pouco mais da barra. As outras quando o rato encostava o nariz na barra. Depois as patas. E assim em diante até que o rato estava pressionando a barra dezenas de vezes até saciar completamente sua sede. Foi observado que os comportamentos do rato que eram seguidos de um estímulo reforçador (a água) aumentavam de frequência, enquanto outros diminuiam. Igual a seleção natural onde as espécies mais adaptadas sobrevivem e as menos vão se tornando mais raras ou eventualmente desaparecem.
Graças a esta descoberta, hoje (depois de estudos muitíssimos mais avançados) somos capazes de explicar (e modificar) uma vasta gama de padrões comportamentais de amebas, golfinhos, ratos, pombos, cachorros, humanos, e até já existem estudos com estes resultados em células neuronais. A psicologia comportamental é a que traz resultados mais rápidos na clínica e a cada dia é usada em novos ambientes (escolas, hospitais, organizações, etc).
Muitos não gostam de ver o comportamento humano ser explicado através de leis científicas, muito menos em pesquisas de laboratório. Deste modo, a psicologia comportamental é frequentemente mal interpretada e rotulada de superficial, mecanicista ou até manipuladora. Eu só espero que aqui neste blog eu consiga exorcizar alguns destes “demônios” que ainda assombram a psicologia.
Tags:
Behaviorismo, condicionamento, operante, Psicologia, skinner

Equipe: Ângela e Ludimila
Responsável pela Postagem: Monique
Postagem originalmente feita em 14/03/2009

Seleção por Consequências

A história do comportamento humano, se considerarmos o início com a origem da vida na terra, é possivelmente superada em amplitude apenas pela história do universo. Assim como o astrônomo e o cosmologista, o historiador trabalha apenas com a reconstrução do que pode ter acontecido, ao invés de revisar os fatos registrados. A estória presumivelmente começou, não com um big bang, mas com aquele momento extraordinário quando surgiu uma molécula que tinha o poder de se auto-reproduzir. Foi então que a seleção por conseqüências fez sua aparição de uma forma casual. A reprodução foi por si só uma primeira conseqüência, e levou através da seleção natural à evolução de células, órgãos e organismos que se auto reproduziram sob condições altamente diversas.
O que chamamos de comportamento evoluiu como um conjunto de funções indo além do intercâmbio entre organismos e ambiente. Em um mundo razoavelmente estável isto poderia ser no máximo parte da capacidade genética das espécies, como a digestão, a respiração ou qualquer outra função biológica. O comportamento funcionou bem apenas sob condições mais ou menos similares àquelas sob as quais foi selecionado. A reprodução sob condições muito mais amplas se tornou possível com evolução de dois processos através dos quais os organismos individuais adquiriram comportamento apropriado para novos ambientes. Através do condicionamento respondente (Pavloviano), as respostas preparadas antes pela seleção natural poderiam estar sob controle de novos estímulos. Através do condicionamento operante, as novas respostas poderiam ser fortalecidas ("reforçadas") por eventos que imediatamente as seguiram.
Texto escrito por B. F. Skinner
Equipe: Marcela, Monique e Sílvia
Responsável pela postagem: Monique Xavier
Postagem Originalmente feita em 14/03/2009